Chuva em São Paulo (foto Portal R7) |
Estamos no auge da estação das chuvas e, como se tem visto na TV, as condições de infraestrutura do país não são muito favoráveis a nós, motociclistas. E rodamos com motos pesadas que, naturalmente, são mais difíceis de controlar.
Eu costumo andar de moto todos os dias aqui em Sampa, trabalho com ela e é meu lazer aos finais de semana. Sampa não é uma cidade fácil de se andar, apesar do trânsito melhorar no período de férias.
Equipamento, nestas horas, é fundamental. Um bom equipamento pode ajudar muito o piloto a livrar-se de uma situação difícil. Ao contrário, o equipamento ruim ou errado pode comprometer a segurança.
Com chuva, o pavimento fica mais liso, principalmente no início e no final da chuva. No início, a chuva forma uma lama, composta de restos de poeira, resíduos de combustão, terra, areia e borracha dos pneus, além, claro, do temível óleo. Ao começar a chover, forma-se uma película no piso que é extremamente escorregadia e traiçoeira. Motociclistas mais experientes param em algum abrigo - embaixo de viadutos, postos de gasolina, etc. - para esperar aqueles 10 ou 15 minutos iniciais de precipitação "lavarem" esta lama. Depois disto, o piso melhora bem.
Claro, pneus em bom estado e freios bem mantidos são essenciais. Reduzir as velocidades médias e frear com eficiência, usando mais o freio motor, também. Nas H-Ds, com o alto torque natural delas, sempre é bom andar em uma marcha ACIMA do que normalmente você estaria. Por exemplo, se, em tempo seco você usasse a 3a. marcha para subir uma ladeira, tente usar a 4a. marcha. O torque excessivo na roda traseira pode causar uma derrapagem.
Lembre-se que o limite de frenagem é dado pela aderência dos pneus com o solo. Com a chuva, este limite diminui muito.
Também tome cuidado com a sinalização horizontal (aquela pintada no asfalto). A tinta costuma ter MUITO menos aderência que o nosso péssimo asfalto. E, molhada, vira um sabão.
Um capacete bem ventilado e bem ajustado ajuda muito, também. Aqui nos trópicos, nossas viseiras têm uma tendência natural a embaçar. E, quando chove muito, aquela fresta que muitos deixam para ventilar melhor, acaba prejudicando a visibilidade e a segurança quando a chuva aperta. Um bom capacete, bem ventilado, elimina o problema. Também uso aquele produto de silicone na viseira. Custa menos de R$ 10,00 em qualquer posto de gasolina e a água escorre naturalmente da viseira. A 50 km/h, não fica uma gota.
Botas: não economize. Conforto, na hora de pilotar na chuva, é essencial. Pés molhados, com aquela sensação de "slosh-slosh", tiram a concentração do piloto, pode ter certeza. E, em distâncias mais longas, certamente irão deixar os pés gelados. Prefira uma bota de cano médio para alto, elas evitam que a água penetre pelo cano.
Meias de lã são excelentes. Sim, meias de lã no verão! Ao contrário do que se pensa, meias de lã NÃO são quentes e absorvem a umidade dos pés naturalmente. As de algodão, como substitutas, também são boas. As sintéticas certamente irão deixar seus pés suados e não irão absorver o excesso de umidade.
Luvas: aqui, um ponto delicado. As melhores luvas são européias ou americanas. Eles costumam fazer luvas impermeáveis para tempo frio e as revestem com isolantes térmicos às vezes pesados. Eu prefiro isto a uma luva leve, fresquinha mas que encharca. A sensação de uma luva encharcada pode não ser tão ruim quanto de uma bota molhada, mas também compromete a segurança.
Capa de chuva: eu prefiro uma boa capa de chuva sobre a jaqueta do que um conjunto de cordura impermeável. Questão de gosto. Há boas capas de chuva nacionais no mercado. Entretanto, o tecido costuma ser fino e, apesar de serem impermeáveis e bem ventiladas, duram pouco, não mais que um ano, pra quem anda todos os dias. E você não encontra em cores chamativas, laranja, verde fosforescente, etc., como deveriam ser. Só pretas ou azuis.
Comprei uma capa de chuva para mim nos States, da H-D, em laranja-fosforescente e preto, com detalhes em branco fosforescente. Dá pra trabalhar no convés de um porta-aviões, todos te vêem. É nítido que você está sendo visto pelos motoristas, o que é muito bom. Normalmente eles não te vêem nem ao meio-dia de um dia de céu de brigadeiro, o que dizer na chuva. Valeu a pena, apesar da ventilação não ser tão boa quanto as capas nacionais. O tecido também é mais grosso, tem proteções na parte interna das pernas para evitar que se queime nos escapes, vários bolsos verdadeiramente impermeáveis e capuz.
Já estou acostumado a pilotar na chuva, mas estamos sempre aprendendo. Prudência e caldo de legumes (sou vegetariano) não fazem mal a ninguém.
(foto Portal G1) |
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